A cirurgia bariátrica é uma opção técnica utilizada para o tratamento da obesidade. Ela é conhecida popularmente como “redução de estômago'', porque altera fisicamente a capacidade do órgão de receber alimentos.
A obesidade, por sua vez, é uma doença crônica, definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo acúmulo excessivo de gordura corporal.
Para determinar se uma pessoa é obesa, é preciso calcular o seu Índice de Massa Corpórea, conhecido como IMC. Esse valor é feito dividindo o peso do paciente pela sua altura elevada ao quadrado. Quando o IMC é maior do que 30, a pessoa é considerada obesa.
A cirurgia bariátrica é uma forma de combater essa doença, que pode trazer sérios problemas de saúde, como diabetes, doenças cardiovasculares, pressão alta, entre muitas outras consequências.
Para saber mais sobre essa cirurgia, confira o conteúdo exclusivo a seguir!
Quando a cirurgia bariátrica é indicada?
Conforme falamos acima, a cirurgia bariátrica é indicada como um tratamento para a obesidade. Porém, há algumas condições para que os pacientes a realizem.
IMC superior ou igual a 35
A primeira delas é o paciente estar com o nível de IMC maior ou igual a igual a 35 quando há algum tipo de comorbidade.
Isso quer dizer que, se o paciente apresentar alguma doença que se desenvolveu por causa da obesidade, como risco cardiovascular elevado, pressão alta ou colesterol descontrolado, por exemplo, a bariátrica é indicada quando o seu IMC é 35 ou superior.
IMC superior ou igual a 40
Quando o paciente não apresenta nenhum tipo de comorbidade relacionada à obesidade, a cirurgia bariátrica é recomendada quando:
- O IMC é maior ou igual a 40;
- O paciente teve acompanhamento médico e nutricional comprovado por dois anos e, mesmo com outros tratamentos, não teve sucesso na perda de peso.
Além disso, a cirurgia bariátrica só pode ser feita em pacientes de 18 a 65 anos. Há, também, a possibilidade de realizar em pacientes a partir de 16 anos, porém deve haver a autorização dos pais e indicação médica.
Para os casos de pacientes maiores de 65 anos, deve haver toda uma avaliação médica sobre as comorbidades do paciente, riscos cirúrgicos, expectativa de vida e identificação dos benefícios após o procedimento.
Tipos de cirurgia bariátrica
Ao todo, existem quatro tipos de cirurgia bariátrica. São elas:
Gastrectomia vertical
A gastrectomia vertical também é conhecida como sleeve. Nesse caso, remove-se de 70 a 85% do estômago, de forma que ele se transforme em um canal estreito.
Isso quer dizer que o paciente passa a conseguir ingerir menos comida fisicamente, já que, anteriormente, o estômago que comportava cerca de 2 litros de alimento, passa a ter um volume de apenas 120 - 150 ml.
Atualmente, é a técnica mais utilizada no mundo, pela sua característica técnica, apesar de cursar com reganho de peso a médio/longo prazo e com refluxo gastro esofagiano.
Gastroplastia em Y de Roux
A gastroplastia em Y de Roux também é conhecida como bypass gástrico. Nesse método, a capacidade do estômago é diminuída para 10%.
Ao contrário do método sleeve, o bypass não retira parte do estômago, apenas grampeia parte do órgão, deixando somente uma parte disponível para receber a comida.
Além disso, o bypass também influencia no intestino, já que a parte funcional do estômago precisa ser interligada com o intestino para que o processo de digestão continue com o seu fluxo.
Essa diminuição do caminho entre estômago e intestino também ajuda na hora de trazer a sensação de saciedade.
Derivação biliopancreática
Esse tipo de cirurgia é também conhecida como Duodenal Switch.
Nela, podemos encontrar semelhanças com os dois métodos relatados anteriormente: o bypass e o sleeve. Isso porque o estômago é dividido em uma porção menor, assim como na gastrectomia.
Depois, a primeira parte do intestino, conhecida como duodeno, é dividida e a última porção do órgão, também chamada de distal, é conectada ao estômago.
Por fim, a parte desviada do intestino é reconectada no final do órgão. Dessa forma, os sucos digestivos se encontram com os alimentos ingeridos e seguem o processo de digestão.
Esse método consegue diminuir a quantidade de calorias absorvidas pelo paciente, sem aumentar a sua intolerância alimentar. É pouco realizada no Brasil.
Banda gástrica
Por fim, temos a banda gástrica.
Essa é a cirurgia menos invasiva e consiste em colocar uma banda, em formato de anel, ao redor do estômago.
Dessa forma, o órgão diminui o tamanho e, consequentemente, a quantidade de comida ingerida também.
A banda gástrica tem como benefício um tempo de recuperação menor, porém, não traz resultados tão expressivos quanto as demais opções. Vem em desuso no Brasil.
Quais os preparos para a cirurgia bariátrica?
A cirurgia bariátrica requer um time multidisciplinar. Ou seja, são diversos profissionais envolvidos para que o procedimento seja bem sucedido.
Antes de realizar a cirurgia, são necessários alguns preparos com psicólogo, psiquiatra, nutricionista, endocrinologista, fisioterapeuta, cardiologista, pneumologista e, claro, com o cirurgião.
Consulta com o cirurgião bariátrico
O primeiro passo para a realização da cirurgia bariátrica é realizar a consulta com o cirurgião.
Nesse primeiro contato, será necessário saber tudo sobre o paciente: peso, altura, doenças pré-existentes, histórico familiar, como começou o processo de ganho de peso, quais tratamentos já realizou, hábitos alimentares, atividade física, entre outros.
Uma vez que a cirurgia for indicada, o médico irá solicitar uma grande bateria de exames, que contemplam os laboratoriais e os de imagem.
Avaliação cardiológica
Na consulta cardiológica, o médico irá avaliar todos os exames feitos anteriormente, realizará um exame físico completo e pode solicitar mais alguns, caso julgue necessário.
Ao final, o profissional deve emitir um laudo, informando que o paciente está apto, do ponto de vista cardiológico, a realizar a cirurgia.
Consulta endocrinológica para a bariátrica
O endocrinologista irá garantir que não há nenhum outro distúrbio metabólico que atrapalhe a cirurgia ou os efeitos dela.
Além disso, ele também deve emitir um laudo oficial, afirmando que o paciente está apto a realizar o procedimento, apontando todas as suas comorbidades, quando houver, e toda a sua variação de peso dos últimos dois anos.
Avaliação pneumológica para a bariátrica
Durante a avaliação com o pneumologista, o profissional também irá verificar os exames feitos e poderá pedir mais alguns complementares.
Caso o paciente apresente algum tipo de alteração, o profissional indicará alguns exercícios e procedimentos para serem realizados antes e depois da cirurgia bariátrica.
Preparo psicológico e psiquiátrico para a bariátrica
A avaliação de um psicólogo é obrigatória para realizar a cirurgia bariátrica, pois esse é mais um laudo necessário que deve ser apresentado para que o procedimento possa acontecer.
O psicólogo avaliará se o paciente está pronto para enfrentar essa nova fase da vida, entenderá se há algum distúrbio alimentar que precisa ser tratado e lidará com outros problemas emocionais.
Quando necessário, o paciente é encaminhado ao psiquiatra para realizar um tratamento medicamentoso.
Avaliação nutricional para a bariátrica
Durante a consulta, o nutricionista dará toda a orientação necessária para a alimentação do paciente durante o pré e o pós operatório.
Além disso, o profissional entenderá quais as preferências alimentares do paciente e montará uma dieta que garanta todas as vitaminas e nutrientes necessários, já que, depois do procedimento, a absorção de vitaminas tende a cair.
Avaliação do fisioterapeuta para a bariátrica
O fisioterapeuta irá avaliar os exames do paciente e ensinar alguns exercícios que deverão ser praticados antes e depois da cirurgia.
Outro papel do fisioterapeuta é orientar quanto aos procedimentos, exercícios e objetos que devem ser utilizados no pós-cirúrgico.
Depois de todos esses processos, exames e consultas realizadas, o paciente volta ao médico cirurgião, que fará uma nova análise e, por fim, marcará o dia da cirurgia bariátrica.
Jejum pré-operatório
Alguns dias antes da cirurgia, é importante que o paciente comece a se adequar a nova dieta.
Nesse momento, é fundamental a ajuda de um nutricionista para montar uma dieta específica para cada caso. Porém, em um geral, o indicado é:
- Hidratar-se bem para garantir o bom funcionamento do corpo;
- Comer pequenas quantidades a cada 3 ou 4 horas;
- Preferir os produtos lights;
- Substituir os alimentos e bebidas industrializadas por àqueles naturais;
- Cortar o consumo de bebida alcoólica;
- Substituir alimentos fritos por grelhados.
No dia da cirurgia bariátrica, é importante seguir todas as orientações do seu médico para que o procedimento ocorra sem nenhum tipo de problema. Mas, de maneira ampla, o paciente deve ficar 8 horas em jejum antes da cirurgia.
Como funciona o pós-operatório da cirurgia bariátrica?
O pós-operatório imediato da cirurgia, enquanto o paciente ainda está no hospital, envolve repouso e cuidados para cicatrização do procedimento.
Entre 12 a 24 horas após a realização da bariátrica, o paciente já começa a receber alguns líquidos e soro de hidratação.
Nos primeiros 15 dias, é adotada uma dieta líquida, de forma que o paciente se acostume com o novo formato do estômago e a quantidade de comida necessária.
Após esses dias, o paciente irá transitar para uma dieta pastosa até ser liberado para a dieta sólida.
Algumas suplementações nutricionais podem ser necessárias por volta da terceira ou quarta semana após a cirurgia, já que o corpo não receberá todos os nutrientes que necessita.
Em relação às atividades físicas, é recomendado que, durante as seis primeiras semanas, o paciente não realize nenhum esforço físico excessivo.
Porém, atividades rotineiras são recomendadas. Mesmo nos dias de internação pós-cirúrgica, é ideal que o paciente se levante, caminhe pelo quarto e fique sentado por um tempo. Dessa forma, problemas circulatórios e respiratórios são evitados.
Por fim, é muito importante que o paciente tenha um suporte psicológico nessa fase, afinal, essa será uma mudança permanente em sua vida.
O apoio de um psicólogo poderá resolver, também, possíveis problemas emocionais, que fazem com que o paciente coma mesmo sem estar com fome. Quando essas questões não são resolvidas, podem prejudicar todo o processo de emagrecimento, anulando tudo o que foi feito na cirurgia.
Agora que você conhece todo o processo de uma cirurgia bariátrica, não deixe de compartilhar esse texto com os seus amigos e familiares.
E lembre-se: caso você esteja sofrendo com os efeitos colaterais da obesidade, procure ajuda profissional e cuide da sua saúde!